#03 | DEAD COMBO + OS SETE MAGNÍFICOS (18.07.2007)
Demonstrando que jazz é uma receita de infinitas combinações e possibilidades, a ementa do dia 18 é marcada por uma viagem aos westerns sonoros dos Dead Combo e, num ritmo mais iconoclasta, da equipa de DJ’s Os Sete Magníficos. Em comum, o duo lisboeta e o septeto de DJ’s portuense têm o imaginário do velho oeste como cenário mental para os delírios musicais que apresentam nos seus espectáculos, verdadeiros faroestes de inspiração spaghetti. Mas, para além das notórias influências das bandas sonoras de Ennio Morricone, Luis Bacalov ou Bruno Nicolai ou dos filmes de Sergio Leone, Clint Eastwood ou Robert Rodriguez, o duo constituído pelo ex-Lulu Blind Tó Trips e por Pedro Gonçalves é igualmente devedor de fantasmas sónicos de origens tão distintas como a Sicília, o México e Cuba, os territórios ciganos do leste europeu, o Mississippi profundo, a Argentina, a alma de Nu Yorica ou, com toda a lógica, a Lisboa do fado. Tudo isto cozinhado num caldeirão onde cabem igualmente referências a rituais voodoo, a vidas passadas, a anjos e santos em crise, aos dramas do amor perdido, às cores da morte, a contrabaixos possuídos pelo demónio, a ruas áridas e desoladas, etc., etc., etc… Depois de dois discos aplaudidos pela crítica e pelo público – “Vol. I”, de 2004, e “Vol. II, Quando a alma não é pequena”, de 2006 – os Dead Combo vêem agora finalmente ser editado (numa edição limitada a 500 cópias e apenas disponível em vinil) o seu verdadeiro álbum de estreia, “Guitars from nothing”, gravado apenas por Tó Trips em 2002 e mantido inédito até ao presente.
Igualmente com alma de pistoleiros, Os Sete Magníficos são, desde que se formaram, há dois anos e meio, o maior fenómeno da noite do Porto. Só tocam singles de vinil (7”), são sete e são magníficos: Pedro Tenreiro, Vicente Pinto de Abreu, Chico Ferrão, Miguel Dias, Carlos Moura, Rui Pimenta e Pedro Mesquita são, acima de tudo, melómanos e coleccionadores de vinil (juntos reúnem mais de dez mil singles) que tem um prazer mais do que evidente em cruzar as suas paixões musicais, do jazz ao punk, com tanta alegria, eclectismo, ironia e provocação quanto possível. E na pista de dança ninguém consegue ficar parado…
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Proving that jazz is a recipe of infinite combinations and possibilities, the menu, the 18th, has for a main course a trip to the sonic westerns of Dead Combo and, in a more iconoclastic rhythm, the DJs team Os Sete Magníficos (The Magnificent Seven). This duo from Lisbon and the DJs septet from Oporto share an Old West imaginary as the mental scenario for the musical deliriums they bring to their shows, true spaghetti-inspired westerns. However, beyond the obvious influences from film soundtracks by Ennio Morricone, Luís Bacalov and Bruno Nicolai, or from Sergio Leone, Clint Eastwood and Robert Rodriguez films, the duo formed by the ex-Lulu Blind Tó Trips and Pedro Gonçalves is also indebted to sonic phantasms from such different origins as Sicily, Mexico and Cuba, the gypsy territories of Eastern Europe, the deep Mississippi, Argentina, Nu Yorica’s soul or, in all logic, the Lisbon of fado. All this is cooked up in a cauldron where there’s also room for references to voodoo rituals, past lives, angels and saints going through a crisis, the dramas of lost love, the colours of death, double basses possessed by the devil, arid and desolated streets, and so on... After two records applauded by the critics and the public – Volume I, 2004, and Volume II: Quando a Alma Não é Pequena, 2006 – the Dead Combo’s true opening album has finally been published (a limited edition, only five hundred copies, and available in vinyl only), Guitars from Nothing, recorded by Tó Trips alone, in 2002, and kept unpublished until only recently.
They too have the souls of gunfighters: Os Sete Magníficos («The Magnificent Seven») are, since they formed the band, about two and a half years ago, the biggest phenomenon in the Oporto night. They play only vinyl singles (7”), there’s seven of them, and they’re magnificent: Pedro Tenreiro, Vicente Pinto de Abreu, Chico Ferrão, Miguel Dias, Carlos Moura, Rui Pimenta and Pedro Mesquita are, first and foremost, music lovers and vinyl collectors (together they own more than ten thousand singles) who share an obvious pleasure in crossing their musical passions, from jazz to punk, with as much joy, eclecticism, irony and provocation as possible. And, on the dance floor, no one can keep still...